domingo, 9 de maio de 2021

O LEGADO DE JÚPIER: SÉRIE NETFLIX

 

Por Salomão Fonseca 

Falta profundidade.  "O legado dos super-heróis, a problematização  política e as questões familiares"   ficam pelo caminho. As linhas temporais, ou como elas foram construídas, não  contribuem para o apego do público. Parece-me que  os acontecimentos dos anos 30 e como os heróis adquiriram seus poderes são os objetivos da série.  Algo que faz perder  ritmo e torna a primeira temporada enfadonha !

            A família Sampson ( uma família funcional dentro de sua  disfuncionalidade).  Em uma espécie de paródia do Superman, Sheldon Sampson (O Utópico) remete ao herói clássico com todos os seus ideais de nobreza, Justiça, igualdade e lealdade; coisa que em tempos de Homem de Ferro e seu egocentrismo simpático, os valores do herói clássico não funcionam.

Já Brandon Sampson (Paragon) é um herói fracassado, seu grande objetivo e também grande frustração é ascender ao legado do pai. Temos um herói ressentido, um ser humano magoado, que vive a contradição de ter a glória de ser filho do Herói mais poderoso da terra, e saber que Sheldon Sampson (O Utópico) é um fracasso como pai.

Mesmo com o roteiro superficial, e que não empolga, temos a personagem mais Complexa/ humana de "O Legado de Júpiter". Vivida pela atriz (Elena Kampouris), Chloe Sampson, a filha mais nova do Patriarca da família Sampson, representa a Negação do legado dos super-heróis. Chloe  é uma "modelo/ socialite" que posa para fotos   seminua, e que  nunca está presente nas lutas contra os vilões.

Em suas horas vagas, Chloe Sampson se diverte em festas regadas a muito  álcool e cocaína, dentro da perspectiva de desconstrução do universo de super-heróis, temos a personagem mais  conflituosa da série.

Fazendo um paralelo com a vida real, a caçulinha da família Sampson representa os filhos de celebridades que renegam a trajetória dos seus pais, mas não deixa de tirar proveito da fama construída pela família.

O Legado de Júpiter surge como uma proposta da Netflix para competir com os outros serviços de streaming na disputa pelo mercado de super-heróis. No entanto, a tentativa  tornou-se falha quando percebemos a falta de carisma dos heróis, a construção de vilões sem nenhum tipo de complexidade  e o esforço Sobrenatural  para dar realidade e naturalidade a um universo de seres com superpoderes e roupas coloridas.

Nos últimos anos, percebemos a evolução deste inverso através de histórias cada vez mais  elaboradas e complexas, porém, o seu principal objetivo é levar diversão ao público, coisa  que série não consegue fazer.



 

 

sexta-feira, 12 de junho de 2020

As aves da noite (peça do ano de 1968, autora Hilda Hilst.)




As aves da noite (peça do ano de 1968, autora Hilda Hilst.)
            Texto escrito por Salomão Fonseca Gomes
Nascida no interior de São Paulo, Hilda Hilst  se destacou em diversas áreas da literatura; a autora desenvolveu  trabalhos  no campo da poesia, do romance e do teatro. Suas obras apresentam características híbridas, encontramos em seus textos aspectos narrativos e poéticos que colaboram para tornar Hilst uma das escritoras mais relevantes do século XX.

Em 1950, Iniciou sua carreira literária com a obra Presságio; a autora dizia que desde pequena, ela só queria saber de escrever;  que seu encontro com a poesia foi um encontro com ela mesma.Uma característica bastante expressiva encontrada em sua obra é a preocupação com a condição humana.

Dona de uma vasta produção, a autora produziu mais de 40 títulos, transitando entre poesia, teatro e  ficção; abordando os temas mais controversos socialmente. A autora afirmava que  sua  pretensão era mostrar a difícil relação entre Deus e o homem. Hilda Hilst foi traduzida em várias outras línguas e se tornou uma das autoras mais importantes da língua portuguesa.

O nosso objetivo neste trabalho é abordar a dramaturgia Hilda Hilst, período que compreende de 1967 a 1969; precisamente As Aves da Noite, peça de 1968. Uma peça que mistura ficção e realidade, uma vez que a autora contextualiza a sua história no holocausto, mostrando as torturas sofridas pelos judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Em outra perspectiva, podemos entender a peça como um alerta a censura sofrida por muitos artistas aqui no Brasil na época da ditadura militar.

Era os anos 60, período que ficou conhecido como os anos de chumbo no Brasil; a vida estava sendo arrasada  pela censura e a  ditadura militar, a autora resolve escrever para se comunicar com o povo, mostrar um horror e o Terrível naquela época, ela pretende ouvir o que se passou no porão da fome.

Percebe-se em caráter de aviso e preocupação da autora com relação ao nazismo, também o objetivo de conscientizar as pessoas sobre a ditadura militar e o regime totalitarista  que acontecia no Brasil.

As Aves da noite busca trabalhar o drama através da tensão, a concepção do cenário evidencia bem a idéia. Construído no formato de cilindro de altura variável, que dependeria da altura do teatro, dentro desse cilindro há uma cela, com 1,90 m de altura. O público fica em volta do cilindro, no entanto, cadeiras são isoladas por algum tipo de divisão. Em nota a autora explica: “idealizei o cenário de As aves da noite de forma a conseguir do espectador uma participação completa com o que se passa no interior da cela. Quis também que o espectador sentisse total isolamento, daí as cadeiras estarem separadas por divisões”(Hilst,2008, p. 231).

Na peça é Trabalhando os símbolos e signos, isso justifica a necessidade da autora com o cenário, as cadeiras e seu isolamento tinha o propósito de impactar, trazendo para a platéia a angustia  dos prisioneiros, a idéia do publico sentir um pouco do momento histórico sofrido, criando uma reflexão entre o  desespero e  o delírio.

É importante perceber em "As  aves da noite" uma mistura de ficção e realidade. É  através de representações sociais que a autora cria personagens que transitam entre a história real e a ficção para dar veracidade a história.

A peça tem início com cinco personagens presos no "porão da fome": o joalheiro, o carcereiro, o poeta, o biólogo e o padre Maximilian.  O único personagem a ter  nome, pois os outros são tratados por sua condição social. Aí está o ponto entre a realidade e a ficção, uma vez que o padre é um personagem real, ele viveu todo o sofrimento em Auschwitz e  teve seu processo de beatificação iniciado em 1948

Os outros personagens colaboram na construção do humano, tema recorrente na obra de Hillst. Outra característica presente em “As aves da noite” é um texto que se estrutura entre poesia, canção e narrativa. Um artifício que colabora para tornar a nativa flutuante, além de dar o espectador uma ideia de deslocamento temporal: lembranças, canções, diálogos que remetem ao passado livre dos personagens, Ideia de espaço, tempo e ambientação.

O estudante de biologia relata uma experiência com um falcão  que é obrigado a engolir um tubo de metal com um pedaço de carne dentro, com o passar do tempo, o falcão vomita o tubo com a carne dissolvida.  Temos uma representação do cenário da peça, um cilindro que representa o tubo digestivo e os prisioneiros são pedaços de carne. É iniciado o conflito: "Nós somos iguais àquela carne dos tubos", diz o Carcereiro. “Somos feitos de células carnívoras” (p. 24). Afirmação contestada pelo padre Maximilian: "Nós somos feitos à imagem e semelhança d'Aquele". “Mas nós temos alma” (p. 22). Percebemos o confronto carne e espírito, mais uma característica na obra de Hilda.

Uma mulher judia é levada a cela, onde estão todos os prisioneiros, o objetivo é que ela faça  sexo com todos eles. Ao invés disso, ela canta e traz a ideia de esperança em Oposição a Escuridão. A mulher trabalha separando os corpos  que ficam agarrados numa espécie de pirâmide humana, mais um exemplo das torturas do holocausto. Ao mesmo tempo, vemos a humanidade da mulher quando demonstra arrependimento e revela ser obrigada ao trabalho.

O carcereiro e Maximilian são personagens antagônicos na peça, pois eles representam o duelo entre o pessimismo e a esperança. O carcereiro é construído a partir de um pessimismo niilista, ele faz o papel o antagonista, o homem que usa a racionalidade para mostrar a falta de perspectiva e o quanto é a realidade Vivenda por aqueles prisioneiros.

 Por sua vez, o padre Kolbe é a representação da Esperança, do amor ao próximo; o padre transmite a ideia de que todos podem se regenerar, nos colocando como a imagem e semelhança de Cristo. Percebemos isso através do sacrifício que o padre faz, ele se oferece para morrer no lugar do prisioneiro n.5659, uma representação do sacrifício feito por Cristo.

Enigmática, instigantes, metafísica; Hilda Hilst foi uma autora que transitou por todas as horas e literatura. Em Sua obra encontramos a transcendência, a sexualidade, a inquietude do ser, o amor, Deus; são algumas das sua temáticas. Em As aves da noite percebemos o duelo entre o bem e o mal, percebemos o quanto a autora enfatiza a difícil relação entre e homem e Deus. Nada mais atual! É lamentável  que obra de Hilda tenha se tornado conhecida apenas por um pequeno  círculos intelectuais, pois estudar a sua obra é desafiante, porque é através do seu universo de símbolos e signos que percebemos  que homem e Deus se confundem e se unem dentro de um mesmo universo.

Referencias



CUNHA, Rubens. A advertência poética de Hilda Hilst em As aves da noite. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/elbc/n50/2316-4018-elbc-50-00444.pdf



Revista Digital de Estudos Judaicos da UFMG - Volume 1, n. 1 – out. 2007 - ISSN 1982-3053. WALDMAN, Berta. Sobrevoando Auschwitz: As aves da noite. Disponível emhttp://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/maaravi/article/viewFile/968/1079

RODRIGUES, Éder. O TEATRO PERFORMÁTICO DE HILDA HILST.Disponível em http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/ECAP-84VLJ2/dissertacaoderradeirapraentregar.pdf?sequence=1








quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Scorsese vs Marvel

"Não é o cinema de seres humanos tentando transmitir experiências emocionais e psicológicas a outros seres humanos",Martin Scorsese
Se olharmos a sétima arte como uma representação da realidade, do humano, eu concordo com Scorsese. No entanto, o cinema vai muito além. outra coisa, o universo dos quadrinhos também é literatura, também é uma forma de representação artística da realidade, haja Vista que o filme "Guerra civil" é uma representação da Guerra Fria,assim como "o corvo" de Edgar Allan Poe que já foi adaptado para os quadrinhos e também para o cinema. Eu Só não concordo com a ideia de superioridade de uma arte em detrimento da outra.

https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/10/martin-scorsese-diz-que-filmes-da-marvel-nao-sao-cinema.shtml

domingo, 22 de setembro de 2019

Passageiro 27, a trajetória de Moisés Monteiro de Melo Neto


Passageiro 27 conta a história de Moisés Monteiro de Melo Neto, sua infância difícil devido as crises alérgicas, o menino sonhador que aos cinco anos  foi  morar em Boa Viagem e  na juventude  fez daquele bairro  o  cenário para as suas aventuras.

As lembranças da casa navio, lugar muito frequentado por ele e sua turma. Assim como, a Escola America do Recife, onde passava suas tarde, e nos finais de semana, ele usufruía dos recursos oferecidos pela escola.

Ainda na sua infância, começou a escrever seus primeiros textos. Em um deles, Moisés conseguiu ganhar um concurso e deixou sua professora emocionada. A arte sempre esteve presente na sua vida, o que colaborou na formação do artista.

A adolescência foi marcada por vários amigos: Paulo Barros, Paulo Smith e muitos outros. Por praias como Gaibu e Maracaípe, foi assim que o surf entrou na sua vida.  Os papos eram sempre sobre filosofia, literatura, música e estados alterados da mente...

 No teatro tudo aconteceu meio que por acaso, Moisés teve que substituir um ator que tinha faltado, a peça era  “Suplício de Frei Caneca”,sua estreia como ator. Logo após veio “Dona Patinha vai ser miss” e em 1981, “Muito pelo Contrário”, que mudaria sua vida para sempre.

Em 1983, Moisés Neto e Augusta Ferraz fundam a Ilusionistas corporação artística, um grupo de amigos que presenciaram as transformações políticas sociais e culturais dos anos 80. A ideia era trazer uma nova proposta para o teatro, algo fora dos padrões, uma forma alternativa de representação teatral.

Além do teatro, Moisés publicou diversos artigos em jornais e revistas como o Le Monde, Diplomatique. Também publicou vários livros, os que mais se destacam são: Chico Science: A Rapsódia Afrociberdélica (primeiro livro sobre o movimento mangue) e Os abismos da poeticidade em Jomard Muniz de Britto: do Escrevivendo aos Atentados poéticos.

Na poesia, encontramos um autor que mescla simplicidade e sofisticação; sua poesia mostra Recife como uma grande metrópole, o nosso estado como um grande centro cultural.

Em sua trajetória, Moisés se mostra um ser multifacetado, homem que se destaca na literatura, no teatro, no cinema e também constrói uma carreira acadêmica solida. Nesta biografia, revelaremos um pouco da sua personalidade: sua infância, adolescência e Juventude. Histórias de um artista de grande relevância para cultura pernambucana.

 Biografia escrita por Salomão Fonseca






sábado, 27 de janeiro de 2018

Nelson Rodrigues

A mulher adúltera que se faz de santa, o homem (chefe de uma família moralista, que vive em adultério e alimenta o vício do jogo). Segundo o próprio Nelson Rodrigues, sua obra é popular, pois representa o povo. Ele é um mestre em mostrar a sujeira que existe embaixo do tapete! Suas peças deram ao teatro uma nova linguagem, mostrando a sociedade carioca, talvez um retrato do Brasil popular. Nossos vícios, nossas taras, nossos preconceitos, o jeitinho brasileiro de ser. Sua obra ainda proporciona estudos sociais, linguísticos, históricos e mais Universo de possibilidades. Atemporal Nelson Rodrigues, porque a vida é como ela é!
Vejo Nelson Rodrigues como uma grande representação do homem do seu tempo, porém sua obra Sempre será clássica, Por que sempre teremos o que descobrir e aprender com ela.
É paradoxal, pois tenho estudado algumas de suas peças, de suas entrevistas, mas não gosto de muitas das entrevistas, no entanto sou louco por sua obra !
Bom, tudo que eu disse já foi dito por todo mundo, não é nenhum mistério, é só minha vontade de escrever ou minha paixão por literatura. Viva a Nelson Rodrigues !

domingo, 1 de outubro de 2017

Metrópolis: Exposição do Renato Russo


PABLO NERUDA: VIDA E SURREALISMO


Texto escrito no dia 26 de setembro de 2017.
Por Salomão Fonseca Gomes


PABLO NERUDA: VIDA E SURREALISMO


Ganhador do prêmio Nobel de literatura no ano de 1971, Pablo Neruda se tornou  um dos poetas mais relevantes do século XX. Homem de muitas facetas,  foi Cônsul  do Chile na Espanha (1934-1938) e também no México.
Uma curiosidade sobre o autor é que ele foi Batizado com o nome de Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto, mas adotou o nome de Pablo Neruda, inspirado no escritor tcheco Jan Neruda.
Seu primeiro livro “Crepusculário” que  foi Publicado em 1923, a obra mostra  uma certa obscuridade e também uma obsessão pela morte.em 1924, o autor publica “Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada”, um livro que tem como temática o amor e outros sentimentos que inquietavam o seu espírito.Também é percebido uma influência  modernista.
De 1933, “Residência en la  Terria” fala de  suas experiências como Cônsul  de Singapura e Malásia  ,revelando o sentimento de angustia e desolação.
Dono de uma linguagem simples, Neruda retratou o amor, mas também uma poesia de engajamento social.  Fez carreira diplomática, em Buenos Aires conhece o poeta Federico Garcia Lorca, em Barcelona teve contato com Rafael Alberti.
 Em 1937, na França, ele escreve “Espanha no Coração” comovido pela guerra na Espanha e também com a morte de García Lorca .  A partir daí, volta ao Chile e se dedica a escrever poemas de cunho  político e social.

Em 1939, Pablo Neruda escreve “Canto Geral do Chile”, uma obra com características  épicas que  retrata  a geografia história do Chile.
 Simpatizantes do comunismo, em 1945, ele declamou um poema em homenagem a Carlos Prestes no Pacaembu, São Paulo. No mesmo ano, ele recebeu o Prêmio Nacional de Literatura.
 Em 1952, lançou  “Os Versos do Capitão” e dois anos mais tarde publica “As Uvas e o Vento”. Em 1965, recebe o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Oxford.
Neruda morreu de câncer em setembro de 1973, mas a causa de sua morte ainda é ministério, pois alguns defendem a ideia de assassinato, outros defendem que ele teria morrido de tristeza por causa do fim do governo de Alhende.

CARACTERÍSTICAS DO SURREALISMO

Tem seu início na França ano de 1920, é inspirado no dadaísmo e influenciou não só a literatura como a pintura e outras formas de arte. No surrealismo o símbolo que representa uma realidade superior que antes era ignorada; seria um jogo de pensamento, onipotência do sonho.
A linguagem literária ultrapassa a escrita e cria uma realidade imagética com objetivo de valorizar o jogo de metáforas. Para tanto, usa a fantasia e a imaginação   dando um novo sentido da palavra.
A fase Vanguardista de Pablo Neruda é completamente influenciada pelo  surrealismo. Com "residencia en la tierra",  o autor inaugura uma nova estética em seus textos, ele deixa de lado a escrita mais simples e passa a buscar uma escrita mais Esotérica utilizando o jogo de símbolos.
Neste momento, percebemos que a poesia de Neruda  tem um viés  amoroso e também político, sua poesia se volta para o povo. A partir daí, ele entra em contato com a filosofia marxista, ato que influenciou sua obra posteriormente.
É perceptível que o autor combina em sua obra imagens surrealistas e elementos tradicionais da poesia, isso representava a união  entre a tradição e a ruptura de uma estrutura poética. A partir daí, a poesia passa a ser questionada com relação ao seu sentido e função poética.
A poesia surrealista de Pablo Neruda não é a representação imagética de um jogo de símbolos, seu surrealismo é a tentativa de reproduzir, recriar o inconsciente através das palavras. Criando um jogo metafísico, metalinguístico, unindo realidade e subjetividade na mesma estrutura para criar novo conceito de poesia.