Por Salomão Fonseca
Falta
profundidade. "O legado dos
super-heróis, a problematização política
e as questões familiares" ficam
pelo caminho. As linhas temporais, ou como elas foram construídas, não contribuem para o apego do público. Parece-me
que os acontecimentos dos anos 30 e como
os heróis adquiriram seus poderes são os objetivos da série. Algo que faz perder ritmo e torna a primeira temporada enfadonha !
A
família Sampson ( uma família funcional dentro de sua disfuncionalidade). Em uma espécie de paródia do Superman,
Sheldon Sampson (O Utópico) remete ao herói clássico com todos os seus ideais
de nobreza, Justiça, igualdade e lealdade; coisa que em tempos de Homem
de Ferro e seu egocentrismo simpático, os valores do herói clássico não
funcionam.
Já
Brandon Sampson (Paragon) é um herói fracassado, seu grande objetivo e também
grande frustração é ascender ao legado do pai. Temos um herói ressentido, um
ser humano magoado, que vive a contradição de ter a glória de ser filho do
Herói mais poderoso da terra, e saber que Sheldon Sampson (O Utópico) é um
fracasso como pai.
Mesmo
com o roteiro superficial, e que não empolga, temos a personagem mais Complexa/
humana de "O Legado de Júpiter". Vivida pela atriz (Elena Kampouris),
Chloe Sampson, a filha mais nova do Patriarca da família Sampson, representa a
Negação do legado dos super-heróis. Chloe
é uma "modelo/ socialite" que posa para fotos seminua, e que nunca está presente nas lutas contra os
vilões.
Em
suas horas vagas, Chloe Sampson se diverte em festas regadas a muito álcool e cocaína, dentro da perspectiva de
desconstrução do universo de super-heróis, temos a personagem mais conflituosa da série.
Fazendo
um paralelo com a vida real, a caçulinha da família Sampson representa os
filhos de celebridades que renegam a trajetória dos seus pais, mas não deixa de
tirar proveito da fama construída pela família.
O
Legado de Júpiter surge como uma proposta da Netflix para competir com os
outros serviços de streaming na disputa pelo mercado de super-heróis. No
entanto, a tentativa tornou-se falha
quando percebemos a falta de carisma dos heróis, a construção de vilões sem
nenhum tipo de complexidade e o esforço
Sobrenatural para dar realidade e
naturalidade a um universo de seres com superpoderes e roupas coloridas.
Nos
últimos anos, percebemos a evolução deste inverso através de histórias cada vez
mais elaboradas e complexas, porém, o seu principal objetivo é levar diversão
ao público, coisa que série não consegue
fazer.